'Olimpíada de selvagens' tentou comprovar superioridade de branco
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Universal Exposition Publishing Company, 1905. Cedidas pela professora Susan Brownell'Olimpíada de selvagens' foi praticamente um "experimento científico", com nativos da Ásia, África e das Américas,
Na prova dos 100m rasos, em vez de largar ao estalar da pistola, uns competidores se antecipavam e eram desqualificados; outros se assustavam e não saíam do canto.
Ao se aproximar da linha de chegada, em vez de romper triunfalmente a fita com o peito, muitos hesitavam ou passavam por baixo dela.
Para um observador daqueles Jogos, ficara claro que muitos estavam ali apenas "por diversão" e não levavam a competição "a sério".
Estes não eram Jogos Olímpicos quaisquer, mas sim um "experimento científico", com nativos da Ásia, África e diversas partes das Américas, realizado em meados de agosto de 1904, duas semanas antes da abertura oficial das competições para valer em St Louis, em Missouri.
O observador em questão não era imparcial: tratava-se do chefe do departamento esportivo do comitê organizador olímpico local, James Edward Sullivan, que queria através do experimento ressaltar as proezas do "homem civilizado" e contrariar a ideia de que os povos nativos são "atletas naturais".
"Por muitos anos fomos levados a crer, por aqueles que deveriam saber, por artigos na imprensa e por livros, que o selvagem médio tinha pés velozes, membros fortes, precisão com o arco e a flecha e conhecimento em jogar pedras", inconformava-se Sullivan no seu relatório oficial publicado no ano seguinte.
"Ouvimos maravilhas dos corredores indígenas, da resistência dos negros do sul da África, e das habilidades naturais dos selvagens em questões atléticas", prosseguia. "Mas os eventos em St Louis provam o contrário destas histórias."
Experimento fracassado
Como nos Jogos Olímpicos anteriores, de 1900, os de St Louis se realizavam paralelamente à edição daquele ano da Feira Mundial.
Para os experimentos, Sullivan trabalhou em parceria com o diretor de Antropologia da Feira, William John McGee.
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"McGee pensou as Jornadas como um experimento sério de antropologia, enquanto Sullivan tratou o evento com seriedade do ponto de vista do esporte, das medições, dos recordes, etc."
Não é difícil entender por que a ideia não funcionou. Susan Brownell diz que Sullivan não se incomodava em "comparar maçãs e bananas", contrapondo os resultados de nativos sem treinamento com o de atletas bem preparados e selecionados para representar o melhor dos seus países.
"Os nativos tiveram duas etapas de competição, uma de tentativas e outra de finais, portanto não (tiveram) quase nada de experiência", disse a pesquisadora.
"As regras eram explicadas em inglês, que muitos não entendiam, eles não tinham nenhum treinamento, nunca tinham praticado os esportes, e o que foi ainda mais ridículo foi que muitos foram desqualificados depois de queimar largadas nas modalidades de atletismo", contou.
"Naturalmente, até passar por esse processo todo, o seu desempenho era muito pior do que a dos homens civilizados."
No seu papel de cientista, McGee, um geólogo, etnólogo e antropólogo autodidata, ainda tentou observar que os nativos talvez fossem capazes de obter resultados melhores nas provas, se lhes fosse permitido um pouco mais de prática.
Conta a antropóloga que McGee chegou a organizar uma nova bateria de Jogos, em setembro daquele ano, mas os registros do segundo evento nunca foram encontrados e ninguém sabe o que aconteceu.
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